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Abrigo provisório no território da incerteza

  • jurigol
  • 3 de jul.
  • 1 min de leitura

Pintar pode ser um abrigo provisório no território da incerteza.

travessia.

Um lugar onde se escuta o que ainda não tem nome, onde o gesto se adianta ao pensamento, onde a mão revela antes que a mente compreenda.


Nietzsche falou da vontade de potência —

essa força de existir que não se curva à forma,

mas se arrisca a criar o novo.

Pintar é isso:

deixar que a vida se afirme como força que escapa, que insiste, que transforma.


Em Espinosa, há o conatus:

o impulso silencioso de cada ser

de permanecer sendo,

de continuar vivo à sua maneira.

Pintar é sustentar esse fôlego,

mesmo no meio do caos,

mesmo sem saber o rumo.


Em escritos Deleuzianos:

tornar-se outro,

devir cor, traço, fluxo.

Na tela, não há identidade fixa.

Há passagem.

Há um corpo que pensa em imagem,

e um pensamento que se move em matéria.


A pintura não precisa dizer,

ela toca.

Não precisa provar,

ela provoca.

Não precisa concluir,

ela se abre.


Nesse abrigo feito de incerteza e desejo,

a dúvida não é inimiga,

é solo fértil.

O erro não é falha,

é entrada.

A imagem não explica,

ela transborda.


Pintar é confiar

que há algo em nós que sabe antes de saber.

Potencia germinante.



 
 
 

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